Agora garçom tem que ser fotógrafo.
Garçom é sempre o que sobra para tirar
fotografia dos amigos em restaurante, dos casais em restaurante, das famílias em
restaurante.
Não tem saída. É o turismo da comida. É o
turismo da gastronomia.
Todo mundo da mesa pretende aparecer na imagem
e a tarefa fica para quem: o garçom!
- Pode tirar fotografia para nós?
Não pode dizer não. Não pode negar a gentileza.
Não pode alegar excesso de trabalho.
E lá vai ele largar a bandeja, atrasar o
serviço, disfarçar a ansiedade e tentar enquadrar a santa ceia sem deixar nenhum
apóstolo de fora.
São vinte pessoas para entrar num quadradinho
mínimo e ninguém pode aparecer de olhos fechados. Não é só usar o dedo, é
dirigir a cena, produzir, indicar o posicionamento. Deve contar com paciência
para juntar o povo de um lado, já que ninguém deseja se levantar para colaborar
com o enquadramento.
Precisar entender como funciona um celular
absolutamente estranho em segundos, se deve apertar na tela, na bolinha, no
botão ou segurar até disparar o flash.
Será recriminado ao perguntar como se utiliza
aquele modelo da máquina. Será vaiado ao demorar fazendo o cliente perder a
espontaneidade e seu melhor sorriso.
E ainda sofre as críticas se a foto ficou
escura, se resultou desfocada ou se retratou mais o teto do que o rosto das
pessoas.
Coitado do garçom condenado a ser fotógrafo
noite após noite. Merecia receber 20%. 10% por servir, mais 10% pelas
fotografias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário