25 de agosto de 2016

Sabedoria


Não me basta ser:
eu quero o transbordar de tudo,
o desassombro
que toda margem desconhece.

Não me basta morar:
quero ser habitado
por quem ao destino desobedece.

Não me basta viver:
quero a vida como febre,
o amor como lume e água.

No final, saberás:
o que se ama não regressa.

O que se vive
não começa.

E o sonho
nunca tem pressa.
- Mia Couto, em "Vagas e lumes". Lisboa: Editorial Caminho, 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário